sábado, 14 de fevereiro de 2009

Vira-Latas


Vira-latas

Eu não tenho nenhuma raça
Chamam-me de vira-lata
Eu não sirvo nem pra caça
Durmo na rua ou na praça

Com frio ou chuva perambulo pelas ruas
Sou chutado pelos bêbados e outros cidadãos
Muitos vezes saio correndo com medo da perua
Posso ser sacrificado ou talvez virar sabão

O que muitos não sabem é de onde eu provim
Meus ancestrais originaram do primeiro lobo na terra
Muitos me acham feio outros bonitinho
Quando uma casa me adota pode crer que nunca erra

Durante a noite pela cidade comtemplo a hipocrisia
Se deito para dormir me chutam e me xingam
Nas minhas andanças constantes vejo festas de alegria
Lá comendo e bebendo eu aqui morrendo a mingua

Muitos dizem que coisa triste é vida de cão
Esta é uma verdade que não pode contestar
Só que tem cão que viaja até de avião
Mas com o pobre vira lata a coisa é outra questão

Exceto alguns vira lixos
Que por alguém é adotado
São tão respeitados que não tratam como bicho
E até por nome de gente o danado é chamado

O que vocês não sabem posso ser de estimação
Quero estar sempre ao seu lado sua casa vigiar
Não peço muita coisa a não ser arroz e feijão
E uns parcos ossos pra minha fome matarem

Se adotares um tomba-lixo como também sou conhecido
Você vai ter muito carinho e também distração
Pois um cão quando é amado fica enlouquecido
Com a presença do cachorro criança teve recuperação

Um vira lata é inteligente amoroso e leal
Nunca deixa de ser amigo mesmo com depressão
Os cães deveriam ser tratados de maneira igual
Sejam de raças ou vira-latas o que querem é atenção

Dizem que somos mais agressivos do que os de pura raça
Isto não é verdade os que outros têm é instrução
Uns vão puxar trenó outros destros na caça
Alguns para o pastoreio outros perseguem o ladrão

O homem é culpado das nossas poucas agressões
Que na fase de formação nos negaram pão
No desenvolvimento da personalidade não nos deram atenção
Carregamos em nosso corpo a sequela da humilhação

Encerrando este lamento quero fazer uma apelação
Quando vir um vira lata sem lar sem comida e desprezado
Deixem nos perambular sem nos fazer malcriação
Mas se tiveres bom coração faça de nós seu adotado

Ainda em tempo quero te lembrar
Quando quiser nos encontrar
Estaremos em toda parte até no cemitério nos verá
Onde estiver um vira lata qualquer um te informará

Poesia criada em homenagem a estes cães, sem raça, sem dono, sem casta.
Valeriano Luiz da Silva Anápolis-Go


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