sábado, 4 de agosto de 2007

Jonas e William


Eram dois irmãos, o mais velho, Anderson, com 25 anos e Alexandre, com 20. Eles tinham uma irmã chamada Rose que gostava muito de bichinhos. Ela não tinha preferências, gostava de todos os animais. Seus dois irmãos, Anderson e Alexandre, eram apaixonados por ela e faziam tudo para agradá-la. Com o Natal chegando, eles decidiram presenteá-la com um papagaio. Na véspera de Natal, Alexandre foi até a padaria bem cedinho e no caminho encontrou miando, com fome e frio, um gatinho muito magrinho e completamente sozinho. Não teve dúvidas, recolheu o pobre bichinho e levou imediatamente para os braços de Rose.

Quando a porta se abriu, a irmã já sabia que o gatinho era para ela. Como era de se esperar em menos de duas horas o gatinho já estava acomodado, limpinho, alimentado e dormindo serenamente numa caixinha improvisada do lado da grande árvore de natal. Quando Anderson chegou do trabalho, todo feliz com o pássaro que ele e seu irmão haviam comprado para Rose, deparou-se com o gato, logo exclamou:

- Quem fez essa bobagem de dar a nossa linda princesa um gato de presente sabendo que eu já havia comprado um pássaro para dar a ela hoje a noite?

A mãe vendo a indignação de Anderson e o desapontamento de Alexandre, veio logo explicando: - Calma meu filho, os dois são filhotes. Eles vão ser amigos já que vão ser criados juntos desde pequenininhos. Tudo vai dar certo.

Anderson, teimoso, não concordando muito com a mãe foi logo dizendo:

- Mas ela vai comer o nosso papagaio quando crescer!

- De jeito nenhum, Anderson. Imagina. Vão crescer juntos, pegar amizade. Entendo de bicho. Problema nenhum! - exclama a mãe.

Com o passar do tempo, o que a mãe havia previsto realmente estava acontecendo: o gato e o pássaro eram realmente amigos. Tão amigos que o papagaio William, como era chamado, andava nas costas do gato Jonas, dentro de casa. Juntos cresceram e amigos ficaram. Entre a família tudo era felicidade, Rose tinha os olhos mais felizes do bairro, quando se sentava na varanda pela manhã com seus bichinhos. Um ano se passou e as férias chegaram. Rose foi com os pais visitar sua vovó em outra cidade. Seus bichinhos ficaram aos cuidados de Anderson e Alexandre. No domingo bem cedo, os dois assim que acordaram foram jogar bola no clube.

A tardinha, os irmãos estavam vendo um jogo na tv, quando o Jonas entra pela sala trazendo em sua boca William morto, todo sujo de terra. Anderson vendo aquela cena por pouco não matou Jonas. E repetia muito nervoso a mesma frase de um ano atrás: -Eu tinha razão! Não falei que isso ia acontecer não falei? Anderson estava certo. E agora, meu Deus, e agora?

A primeira providência foi bater em Jonas, escorraçar o animal, para ver se ele aprendia um mínimo de amor pelos amigos. Claro, essa amizade só poderia dar nisso. Falta menos de 1 hora para nossa Rose chegar . E agora? Eles se olhavam… Jonas ficou ronronando lá fora, triste, lambendo as pancadas. Já pensaram como vai ficar Rose? Isso é sua culpa! - Alexandre dizia para Anderson. Foi aí que Alexandre teve uma idéia: Vamos dar um jeito para que Rose não perceba que o Jonas matou William. Vamos dar um lavada nele, deixar ele bem limpinho e colocamos ele no puleiro. E assim fizeram.

William parecia vivo, falou Alexandre. Ele foi colocado lá com as perninhas encolhidas e preso de modo a não cair. Meia hora depois eles ouvem o barulho do carro, notam o portão da garagem se abrindo. Era Rose voltando. Cinco minutos depois Rose entra na sala com o olhar triste, como os olhos vermelhos e muito abatida. - O que foi? Que cara é essa? perguntou Anderson meio gago. - William... - murmurou Rose - O que tem o William? Respondeu. - Morreu ! - disse Rose com os olhos cheios de lágrimas - Morreu? Ohhh!!! Ainda hoje à tarde parecia tão bem ! - exclamou Alexandre. - Morreu, hoje bem cedinho. Quando nós saímos para ver a vovó as 5:00 horas da manhã ele já estava morto!

- Morto??!! - grita Anderson, pensando lá com seus botões. Será que eles sabiam que Jonas havia matado William e não fizeram nada? - Foi ! Antes de partimos. Morreu a noite dentro da gaiola. Não ficamos sabendo porque Papai foi quem o enterrou debaixo da roseira no fundo do quintal.

Anderson olha para Jonas, tristonho, deitado no tapete da área e pensa consigo mesmo: "Meu Deus, Jonas passou o dia todo procurando o seu amigo William, querendo saber aonde ele estava e porque havia desaparecido...

E tanto procurou que acabou encontrando-o nos pés da enorme roseira. O que fez ele então, vendo William ali deitado no frio, ao invés de estar no sol em suas costas na janela da sala ? Provavelmente com o coração partido, desenterra William e o traz para nos mostrar. Devia até estar chorando, quando começou a apanhar de tudo quanto é lado porque eu pensei mal dele..." Anderson, com os olhos transbordando de lágrimas olha para Jonas deitado encolhido sem entender nada do que se passara com ele naquele triste dia. O dia em que seus donos pela primeira vez resolveram lhe bater só porque ele passou o dia inteiro procurando incansavelmente seu amiguinho William.


Sim, meus queridos amiguinhos hoje eu quis falar com vocês sobre os seres humanos, que não pensam duas vezes antes de agir, que acusam sem antes saber de toda a verdade. Dos que julgam os outros pela aparência. Anderson, o irmão mais velho de Rose, era um desconfiado e não acreditava que um gatinho pudesse amar e gostar muito da companhia de uma ave sendo eles tão diferentes. Mas meus queridos amiguinhos posso falar para vocês que os animais sabem muito bem o que é amor, amizade, respeito, e principalmente fidelidade. Foi sobre estes sentimentos a que estou a me referir para vocês nesta história. Deixo mais um recado meus amiguinhos: papagaios, periquitos, calopsitas, araras, maritacas, não são animais de estimação. Eles só são felizes quando estão soltos na natureza, em total liberdade. Talvez William tenha morrido simplesmente porque não era um animalzinho livre. Pense nisso antes de comprar um bichinho de estimação. Peça a seus pais para perguntar a um veterinário ou biólogo amigo seu se aquele animalzinho vive bem domesticado.

Autoria: Márcia Ribeiro Pinto (Sociedade Juizforense de Proteção aos Animais)

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